FEBRASGO reforça a importância de três vacinas durante a gestação

Que algumas vacinas são de grande importância na gestação, todos os médicos sabem, mas muitos não tem reforçado a necessidade de imunização para as mulheres grávidas. Por isso, a presidente da Comissão de Vacinas da FEBRASGO, Nilma Antas Neves, explica que existem vacinas que estão disponíveis nos postos de saúde gratuitamente: a Vacina Influenza, Vacina dTpa e Vacina Hepatite B.

Abaixo  as indicações de cada Vacina. Confira:

1) Vacina Influenza

A gripe durante a gestação ou puerpério pode levar a formas clínicas graves, pneumonia e morte. O risco de complicações é muito alto, principalmente no terceiro trimestre de gestação, mantendo-se elevado no primeiro mês após o parto. As puérperas apresentam risco semelhante ou maior que as gestantes de ter complicações em decorrência da Influenza.

A vacinação contra o vírus influenza em gestantes é uma estratégia eficaz de proteção para a mãe e para o lactente. Estudo realizado demonstrou que os lactentes de mães vacinadas contra a influenza, apresentaram menos casos da doença.

Todas as gestantes devem tomar a vacina Influenza, em qualquer fase da gestação. Ela é gratuita para gestantes (qualquer idade gestacional, não precisa comprovação de gestação) e puérperas até 45 dias (levar certidão de nascimento do recém-nascido ou cartão da gestante ou documento do hospital).

2) Vacina dTpa

A vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular do adulto) tem o objetivo específico na gestação de proteger contra tétano neonatal e coqueluche no recém-nascido. A preocupação com a coqueluche é decorrente do aumento dos casos em lactentes jovens (em idade pré-vacinação) com alta taxa de letalidade em todo o mundo. No Brasil, em 2014, mais de 50 crianças menores de 6 meses de idade morreram por coqueluche. Foi constatado que esses recém-nascidos são infectados pelos contatos próximos, principalmente pela mãe, em cerca de 40% dos casos. Os lactentes antes dos 6 meses de idade não completaram seu esquema de vacinação. Um adulto infectado pela Bordetella pertussis pode resultar em até 17 novos casos. O quadro clínico da coqueluche no adulto não é típico, devendo-se suspeitar dos pacientes com tosse seca por mais de 14 dias.

O objetivo da vacinação da gestante é diminuir a transmissão da mãe para o recém-nascido após o parto e a proteção relativa do recém-nascido através dos anticorpos maternos via transplacentária. A efetividade de proteção dos anticorpos transplacentários para o feto não é totalmente conhecida, mas certamente modifica a severidade da doença. Após a vacinação na gestação, os anticorpos maternos atingem o pico em algumas semanas e caem em poucos meses.

A vacinação da gestante deve ser com idade gestacional acima de 20 semanas (preferencialmente entre 27 e 36 semanas). A mulher deve ser vacinada em todas as gestações, independente de quando tomou a última dose da vacina dT (que é a dupla bacteriana, disponível nos postos de saúde, porém, confere proteção apenas para Difteria e Tétano).

É preciso reforçar que:

  • Se a gestante já tem seu esquema de vacinação contra tétano completo (3 doses prévias), ela precisa tomar apenas a dTpa entre 27 e 36 semanas.
  • Se a gestante não tem ou não sabe se o esquema de tétano está completo, ela deve ser vacinada com 2 doses da dT e 1 dose da dTpa (sendo esta, entre 27 e 36 semanas). O intervalo entre as doses deve ser entre 30 e 60 dias.

3) Vacina Hepatite B

Caso a gestante não tenha o esquema de vacinação completo para Hepatite B ou nunca tomou nenhuma dose, ela deve ser vacinada durante a gestação preferencialmente durante o segundo ou terceiro trimestre. O esquema completo consiste em 3 doses (0-1-6 meses). Se a gestante já tiver recebido 1 ou 2 doses, deverá completar as doses durante a gestação, não sendo necessário tomar novamente a(s) dose(s) recebidas.

Por fim, os recém-nascidos podem ser infectados ao nascerem de mães portadoras do vírus B da hepatite. O risco de infecção crônica é mais elevado, quando a exposição ocorre no período perinatal. Cerca de 25% das crianças que desenvolvem a infecção crônica morrem de carcinoma hepatocelular ou cirrose décadas após a infecção inicial.